Numa tarde triste
dessas em que se percebe
a desigualdade da vida
por falta de ter o que fazer
fui ajudar um grupo de voluntários
a entregar presentes de natal
a quem eu julgava "pobre" .
Estava tão infeliz naquele dia
por ter visto na vitrine
o presente que não pude dar.
Mas fui para a rua
lotada de gente
da vila mais afastada
levar sorrisos e presentes
para a criançada pobre.
Eu me sentindo bem aventurada
os outros,
taxados por mim de pobres.
Quando cheguei
percebi que elas vinham
e traziam amiguinhos
e a rua em minutos
se encheu de risos e festa.
A bola ou a boneca era o que menos queriam
o que importava era a festa que faziam
por eu estar ali em meio delas
desejando bom natal.
O tempo passou e eu nem vi
tão envolvida estive
no meio da alegria simples
e do abraço festivo e,
quando me dei conta
havia esquecido a vitrine
e a minha infelicidade
e minha vida se encheu de riso
e abraços
e vi solidariedade em tudo.
Quando a noite chegou
eu percebi a pessoa pobre
era eu
com meus pensamentos egoístas
e com minha ceia e convidados medíocres
trocando presentes e abraços falsos.
Deu uma vontade
de sair pelas estradas
comer um cachorro quente
tomar um menino pela mão
e soltar pipa no campo
depois pegar meu corpo cansado
dormir
e sonhar com anjos.
Não entendo mais
o que significa Natal
se não puder abraçar pessoas
e a troca de presentes caros
ofende minha consciência
desde aquele dia.
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