Eu conheci um homem
que se casou com as terras do sogro.
Passou a vida imune aos sentimentos
contabilizando idéias
para quando a herança viesse.
Mas a doença levou a companheira
com quem amargamente viveu.
Tres filhas lhe restaram
e o prejuízo seria eminente.
Delegou às irmãs o cuidado destas
e pouco fez em termos financeiros
por não ter ou não querer
disto ninguém soube.
Cresceram as meninas
e o homem agora administrava as heranças
que não eram mais suas e sim das filhas menores.
Emancipou-as às escondidas
para que pudesse não correr o risco
de perder as posses e o domínio delas.
Comprou ali e aqui alguns bens
e esqueceu a vida
porque não teve tempo
para despertar nas filhas o amor.
Com tempo conheceu a alma gêmea
que entendia suas mesmices
e junto a ela guardou todo o dinheiro possível
para acumular.
Nem foi a praia,
nem viveu belos dias
fez-se rotineiro e cinza
afastado de todos
que não entendiam suas mesmices.
As filhas cresceram e optaram sempre pelos bons caminhos
e foram embora dali.
Os netos vieram
mas o homem não teve nunca o dinheiro suficiente
para gastar em viagens e conhecer a família.
Um dia a companheira jazia doente
e o homem se viu só.
Alimentado pelas suas mágoas,
talvez pela sua falta
talvez pelo próprio sentimento de culpa
pensava agora no seu rumo.
Já velho e desprovido da força
precisava escolher alguém que cuidaria dele.
Até neste instante pensou e contabilizou idéias
escolhendo a que mais bem sucedida estava
para não correr o risco de perder os bens.
E para esta,
coisa que nunca soube ,
ele seria um peso.
Deixe o tempo fazer a verdade
deixe que a vida escreva o fato
Só pense que a avareza dói na alma do homem que a tem
e na alma daqueles que lhe querem bem.
Tivesse o homem plantado flores
agora teria um jardim!
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