terça-feira, janeiro 5

Escolhas


Eu conheci um homem
 
que se casou com as terras do sogro.

Passou a vida imune aos sentimentos 
contabilizando idéias

para quando a herança viesse. 
Mas a doença levou a companheira
 
com quem amargamente viveu.

Tres filhas lhe restaram 
e o prejuízo seria eminente.
 
Delegou às irmãs o cuidado destas

e pouco fez em termos financeiros
por não ter ou não querer 
disto ninguém soube.

Cresceram as meninas 
e o homem agora 
administrava as heranças
que não eram mais suas e sim das filhas menores. 
Emancipou-as às escondidas

para que pudesse não correr o risco
de perder as posses e o domínio delas.
Comprou ali e aqui alguns bens 
e esqueceu a vida
porque não teve tempo
para despertar nas filhas o amor.

Com tempo conheceu a alma gêmea 
que entendia suas mesmices
 
e junto a ela guardou todo o dinheiro possível

para acumular.
Nem foi a praia,
nem viveu belos dias
 
fez-se rotineiro e cinza
 
afastado de todos 

que não entendiam suas mesmices.
 
As filhas cresceram
 e optaram sempre pelos bons caminhos
e foram embora dali. 
Os netos vieram
mas o homem
 não teve nunca o dinheiro suficiente
para gastar em viagens e conhecer a família.
Um dia a companheira jazia doente
e o homem se viu só. 
Alimentado pelas suas mágoas,
 
talvez pela sua falta

talvez pelo próprio sentimento de culpa
pensava agora no seu rumo. 
Já velho e desprovido da força

precisava escolher alguém que cuidaria dele.
Até neste instante pensou e contabilizou idéias
escolhendo a que mais bem sucedida estava
para não correr o risco de perder os bens.
E para esta,
coisa que nunca soube
 ,
ele seria um peso.
Deixe o tempo fazer a verdade
deixe que a vida escreva o fato
Só pense que a avareza dói na alma do homem que a tem 
e na alma daqueles que lhe querem bem.

Tivesse o homem plantado flores
agora teria um jardim!

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