quarta-feira, abril 7

Pai

Fotografia de Antonio José Fortes Figueiredo - Meu pai

Um dia fui o seu presente,
quem sabe.
Nem isso consigo perceber
tantos bloqueios em mim!
Talvez nunca tenha ouvido
a palavra que sonhei
ou pensei
algo que faria sentido.
Talvez fosse o seu jeito
de não dizer o que sente
de se sentir preocupado
mas nem saber expressar.
E desse jeito
calados nos sentimentos
foi que passamos lado a lado
pelo tempo que hoje
 vejo da minha janela
onde ainda te contemplo.
Passou a vida
e nunca falamos
das coisas do coração!
Pai eu cresci só
questionando se havia importância
 e aprendi que o amor
é raso
que a vida cobra impossíveis
e que nada faz sentido!
Quando pensava no Pai
te sentia tão distante
inexistente, talvez,
sempre te mandei para longe
e desse jeito
sempre achei que nada a meu respeito
importasse para você!
Mas hoje eu quero pensar
que um pai
por mais alheio
nunca conseguirá esse feito
de olvidar o filho seu.
Mas o sentimento
que me acolhe nestes dias
é uma ponta de tristeza
por nem saber o que pensar.
E vivo dividida
num sentir assim bloqueado
numa distancia natural
num pensar desordenado
nesse jeito que faz mal.
Será que um dia
não chorarei o instante
de perder o tempo todo
e nunca me resgatar?
Pai
é para mim a incógnita
o ser que eu desconheço
a equação que resultou
no vazio deste meu ser.
E enlouqueço
ao pensar
que a culpada fui eu...
Mas nem consigo
mudar-me
pois o tempo que passou
nunca mais irá voltar.
E a agonia
faz os versos meus fluirem
em total solidão
pintando de vazio
meu coração arredio
que jamais tentou mudar!

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