quinta-feira, dezembro 17

Antes que a bomba estoure


Fotografia de Carlos R.


Não sei se daqui a instantes não explodirá sobre minha cabeça aquela bomba poderosa que foi inventada para matar inimigos que nao são meus inimigos, para destruir alguma coisa que eu não acho errada.
Quem sabe se daqui a instantes não matarão sonhos e ilusões de crianças, jovens e velhos que se abrigam embaixo deste sol e contemplam essas nuvens e esse luar que também é meu.
Quem sabe se daqui a instantes cairá sobre o meu pensamento uma forte rajada de solidão e medo, fazendo de mim alguém inferior, impossibilitada de ir à luta e não solidária ãs relações humanas por achá-las frias e enfadonhas.
Quem sabe se daqui a instantes não serei eu a gritar pela paz em todos os continentes e estender a mão aos desabrigados e aos que abrigam, aos desconsolados e aos que consolam, aos condenados e aos que condenam.
Quem sabe não serei eu a falar de Cristo e dizer a todos que apenas deveriam dar as mãos antes que a bomba estoure meus ouvidos e faça mudos meus pensamentos e impossibilite as minhas ações.
Antes que a bomba me faça empurrar meu irmão ao precipício e eu não saiba o porquê de aqui estar.
Antes que a bomba estoure....

(este poema foi o começo de minha história pois coloquei-o em uma Revista chamada Mocidade e através dela vim a conhecer meu esposo )

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