quinta-feira, dezembro 17

Elegia às Palavras


Eu não deveria tê-las economizado.
Meus substantivos próprios 
Ficaram sem adjetivos
Que os tornariam mais belos
Por culpa minha.
Fui economizar palavras
E não deveria.
Seriam como presentes
E me trariam doces.
Hoje elas apertam meu peito
E soam sozinhas.
As palavras me sufocam 
Na solidão da alma.
Deveria tê-las dito todas
Pelos caminhos em que andei.
Tantos eram os momentos
E não as disse.
Elas poderiam ser vida para outras vidas,
Poderiam ser alento para outras almas,
Poderiam ser carícias para toda gente
.Mas não as disse 
Hoje me apertam o peito
Sufoca-me esta verdade
E conjugo um verbo solitário
E triste.
Meu futuro do pretérito
Onde eu poderia ter feito delas
Uma coroa de abraços.
Mas construí meu edifício
E me pus na cobertura
Isolado e só.
Hoje nem as paredes me ouvem 
E as palavras apertam-me a garganta,
Sufocam meu ser
Invadem minha alma muda.
Fazendo de mim
Um dicionário sem dono,
Um palavrear sem rumo,
Alguém apenas
Num linguajar sofrido
Que acordou tarde demais
E se percebeu só.
Por que na vida
Esquecemos de plantar palavras?

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