domingo, fevereiro 28

Des Entendimento

Fotografia de Bernardo Coelho

Se eu pudesse voltar, Senhor
a contentar-me com a essência
e as simplicidades todas.
Se eu pudesse ser braço que abraça
ser verdade e lenitivo
para aparar do mundo
as arestas que destroem.
Se as pernas que tenho
andassem milhas incansáveis
para dar ao outro a esperança necessária.
Ah Senhor,
Mas eu sou um misto de egoísmo e falsidade
e procuro jogar
a favor do meu próprio interesse.
Digo que amo sem amar
Digo que sinto e não sinto.
Passo horas falando de amizade
e amigo eu não sou.
Falta-me domínio
esperança
paciência
e a verdade do amor.
Porque, Senhor.
sou esse ser desacreditado de mim mesmo?
Será que haverá solução para minhálma?
Quem dera eu fosse alívio de verdade
e fosse o momento inspirado
para dar ao mundo a poesia pura
e a beleza da vida residisse em mim.
Mas sigo
sempre sigo pelo atalho
tudo o que falo
não reflete o que eu sou
e sou sempre
desprovida
do amor que penso ter.
Porque não posso ser Deus
por um instante
para entender o amar?

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