terça-feira, janeiro 5

Metropolitano

Solto das mãos do mundo, 
sozinho, perdido, não decifro
o mapa dos becos da vida.
O limite do umbigo é um tapa
na cara do universo.
No côncavo do espelho: Narciso.
Desencaixado vês que não posso?
De que vale a beleza das flores
num jardim de aromas e cores
se estes muros se erguem
do cinza dos meus olhos?
Como amar esse ser
submerso,
in verso,
avesso,
subvertido por esta solidão
metropolitana?
Perambulo sem rumo
por entre griffes e logomarcas,
a vida in marketing.
Um chope no shopping...
sorvo o amarelo do riso
no branco da espuma.
No impreciso do consumo
o que preciso
não está à venda.
O ácido do desespero
escorre da boca da metrópole.
A massa apavora
com sua fome de unidade.
O disforme não tem olhos,
desertos de areia não vêem grãos,
oceanos não vêem gotas.
Sou alma errante,
desconcertante é o mundo
que me abriga e me obriga
a essa urbana solidão.
A vida em que me fio,
e desconfio ainda existir,
tem fome de conversa fiada
e cadeiras na calçada.

(Marisa e Paulo um amigo do orkut  )

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