terça-feira, janeiro 5

O homem diante do Espelho

Minhas lembranças
mandaram cartas
falando de um encontro.
Fantasmas ultrapassaram as barreiras
do tempo e do inconsciente
para marcarem o dia
em que eu me veria 
diante do espelho da vida.
Fiz reciclagem na mente
escolhi os quadros melhores
mas quando chegaram as lembranças
pegaram-me como sou.
Substantivo comum
desatinado e insolente
inseguro e abstrato
este era eu.
De repente vejo o menino
Das minhas lembranças frias
Menino que deixei um dia e morreu em mim.
Nem sei se foi pelo calculismo do meu mundinho sem tempo
ou por trocar tardes brejeiras
por alegrias supérfluas que julgava verdadeiras.
E eu chorei diante do espelho
Que minha alma vislumbrou.
Escrevo na tela fria nesta noite de verão:
Pudessem esses meninos
que já fomos algum dia
contemplarem os instantes
repensarem a alegria,
Iriam entender a vida
viver com sabedoria.
Se não tivessem esquecido
De tantas simplicidades
haveriam homens brindando as luzes desta manhã.
Mas nos espelhos da vida
A vida foi se gastando...
O homem se desgastando 
E o que era simples findou!
Vida, essa luta insana
Que dobra as forças de alguns
E a outros faz ajoelhar.
Dei as mãos ao pensamento e fui pular amarelinha
Fiz bodoque, empinei pipa, soltei as linhas do tempo
E me refiz em meus cacos
Sorvendo as cores e o brilho
Do luar que apareceu.
Correu no espaço uma estrela
E me vi noutro pedido
Gritava aos quatro ventos da vida
Que outro menino era eu!
De repente, acordei
Deixei que o menino fosse...
E assim passou o momento
E o sonho não mais voltou..
Ah se desse encontro aflorasse a poesia
Nem mais seria noite, nem mais seria dia
Ah se desse encontro germinasse a alegria
Seria mais que a flor, seria feito alquimia.
Ah se nesse encontro eu fosse além da utopia
Seria mais do que tudo seria a alma em sintonia.
Ah se desse encontro o momento fosse terno
Seria a transição do temporal para o eterno! 

(Este poema foi escrito por mim e Bethânia - amiga virtual do orkut   )

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